Publicada em 04/05/2023 às 14h29
Após uma crise sem precedentes com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, o presidente do país, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou que fará um pronunciamento à nação nesta quinta-feira (4). Ele pode dissolver o Parlamento ou ainda demitir o governo do país.
Costa e Rebelo de Sousa, que até agora mantinham uma relação amena, vêm trocando críticas crescentes nos últimos dias.
A crise começou depois que o premiê português - que chefia o governo do país - recusou o pedido de demissão do ministro de Infraestrutura de Portugal, João Galamba. Galamba pediu para deixar o cargo por conta de um escândalo de corrupção dentro da TAP, a companhia aérea portuguesa subordinada à sua pasta.
Marcelo Rebelo de Sousa criticou duramente e de forma pública a decisão de António Costa. Em Portugal, o presidente é o chefe de Estado - ele não interfere nas decisões do Executivo, mas tem o poder de dissolver o Parlamento e de demitir o primeiro-ministro, além de chefiar as Forças Armadas.
Nesta quinta, Rebelo de Sousa anunciou então que fará um pronunciamento à nação - ele já repetiu que pode dissolver o Parlamento ou simplesmente demitir o premiê caso veja que o governo perdeu credibilidade.
Ele também convocou uma reunião com Costa antes do pronunciamento.
António Costa, do Partido Socialista, é um dos primeiro-ministros mais fortes e consolidados da Europa. Está no poder desde 2015 - este é seu terceiro mandato consecutivo. E, no ano passado, ganhou com maioria absoluta e sem necessidade de fazer coalizão com outros partidos para alcançar o número mínimo de assentos no Parlamento.
Ainda não se sabe o que Rebelo de Sousa falará no pronunciamento, mas o presidente português também pode usar o seu discurso para lançar outro aviso a Costa, ou ainda anunciar que vai convocar o Conselho de Estado, o passo necessário caso ele queira dissolver o Parlamento.
A crise política entre os dois líderes complicou a situação de Portugal, que já vive em um cenário de inflação e taxas de juros toda a Europa
Costa, embora tenha conquistado maioria absoluta, vive um terceiro mandato complicado. Mais de dez ministros e secretários de Estado deixaram seus cargos no ano passado, dois deles ligados a um escândalo na companhia aérea TAP desencadeado por uma indenização irregular a um membro do conselho.
Rebelo de Sousa, uma figura carismática frequentemente vista no supermercado ou tomando um sorvete nas ruas de Lisboa, foi eleito pela primeira vez em 2016 e reeleito em 2021 por uma vitória esmagadora.
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