RD Entrevista – Hermínio Coelho, o deputado brigão que também chora e se lamenta



Texto.:
Vinicius Canova 
Fotos.:
Gregory Rodriguez

Porto Velho, RO – Quem o escuta falar fora dos holofotes da mídia, em conversas mais informais e destituído do palanque, pode cometer o erro de confundir a falta de estudos e o vocabulário desajeitado recheado de expressões ornamentadas à base de muito palavrão com ignorância e inaptidão para a vida pública, principalmente política.

Com 16 anos ininterruptos de atividade parlamentar, o deputado estadual Hermínio Coelho (PDT) é a prova viva de que essas considerações prévias são um caminho traçado diretamente ao equívoco. 

O pedetista, seguro de si e sem titubear, falou sobre a fama de viciado em jogatina; apontou nominalmente seus inimigos na política; chorou ao relembrar a prisão do filho durante os desdobramentos da ‘Operação Apocalipse’ e o consequente afastamento judicial da Presidência da Assembleia Legislativa (ALE/RO). 

Também contou sua versão sobre o enredo da história do aquartelamento de deputados num hotel do Amazonas – supervisionados diuturnamente – a fim de garantir a eleição do ex-presidente Valter Araújo e componentes da Mesa Diretora, da qual Coelho fez parte.

No gabinete, o parlamentar recebeu a equipe do jornal eletrônico Rondônia Dinâmica e respondeu a todas as perguntas nesta primeira edição de RD Entrevista.

A redação elegeu momentos-chave  da prosa que durou mais de uma hora e meia.       


Hermínio coleciona inimizades na política / Foto.: Gregory Rodriguez (Rondônia Dinâmica)

Perfil e trajetória

Nascido em Petrolina, Pernambuco, no dia 19 de setembro de 1965, Hermínio Coelho chegou ao Estado de Rondônia logo no início dos anos 90 e passou a laborar como cobrador de ônibus na Empresa de Transportes da Capital. Antes disso, foi metalúrgico em São Paulo, quando se tornou simpatizante das ideias sindicais defendidas pelo ex-presidente Lula. Em 1993, venceu as eleições do sindicato representante da categoria dos motoristas e cobradores. A partir daí, foi reeleito mais duas vezes presidindo a entidade de onde saiu apenas em 2000 quando, pela primeira vez, postulou cargo legislativo vencendo as eleições e  preenchendo uma das vagas na Câmara Municipal de Porto Velho já em 2001. Lá, ocupou a Presidência por dois biênios consecutivos 2007/08 e 2009/10. Foi eleito deputado estadual em 2010, exercendo mandato na Casa de Leis desde 2011 até hoje. Na ALE/RO, repetiu o feito: se tornou presidente do Legislativo ocupando a vaga deixada pelo ex-deputado Valter Araújo sendo, logo adiante, reconduzido ao cargo por seus pares para comandar o Poder no biênio 2013/14. 



História do hotel no Amazonas

Rondônia Dinâmica – Deputado, vamos começar falando sobre o encontro questionável entre deputados num hotel do Amazonas, em 2010, pouco antes da eleição da Mesa Diretora comandada pelo ex-deputado Valter Araújo a partir de 2011. O enredo costurado pelas informações recebidas revela que parlamentares estavam aquartelados sob supervisão de ‘homens de confiança’ do ex-presidente Valter a fim de garantir tanto a Presidência quanto os demais cargos da Mesa. O senhor foi relacionado entre os presentes. Isso ocorreu?

Hermínio Coelho – Ocorreu, mas não dessa forma. O que aconteceu foi uma estratégia política. O grupo governista queria porque queria cooptar parlamentares para comandar a Assembleia. Mas os envolvidos, inclusive eu, saíram da cidade por livre e espontânea vontade. Não estávamos exercendo mandato e a intenção era ‘blindar’ os intentos da oposição. Era um hotel de selva. Estávamos eu e mais uns doze ou treze deputados. Acho que chegou a ter quatorze pessoas, mas houve um dissidente. O deputado Edson Martins, do PMDB, caiu fora antes dos demais, saindo ‘à francesa’.  Ou seja, a pressão do governo era muito forte e eles foram atrás de tudo quanto é jeito. 

RD – Mas houve propina? O senhor recebeu dinheiro ou soube à ocasião de alguém que teria recebido para participar da Mesa e/ou apoiar o Valter?

HC – De maneira nenhuma! Tudo ocorreu às claras e as opções foram republicanas. Inclusive, essa história do hotel é relatada de uma maneira exagerada. Não houve farra, não houve festa. Estávamos em acomodações afastadas da zona urbana de Manaus, numa espécie de fazenda com palafitas. Um tipo de hotel-fazenda, na verdade... Algo tão natural que até levei parte da minha família comigo. Não tinha nada de bandidagem, supervisão e muito menos controle. Se existisse seria possível o Edson Martins ter saído de lá? Claro que não! A própria Epifânia [Barbosa], que também era do meu partido à época, o PT, ficou em Porto Velho. Todo o ocorrido foi uma logística para fugir do assédio do Executivo.  A minha participação na chapa do Valter, com apoio de outros companheiros, foi acertada dentro do nosso partido muito antes. Não houve nada errado.

Ações na política

RD – Quais as principais ações do deputado Hermínio Coelho em mais de uma década e meia de atividade política?

HC – Enquanto vereador, fiz questão de, assim como deputado, fiscalizar ferrenhamente o Executivo. As pessoas às vezes não sabem, mas vereadores e deputados não têm poder de aumentar salário dos servidores ou propor qualquer coisa que aumente as despesas do Estado. Podemos brigar por isso e sugerir. Na Câmara de Vereadores, atuei para melhorar a vida dos trabalhadores do setor de transporte coletivo, de onde saí, e também da sociedade, aprimorando os serviços. As leis que instituíram o mínimo de dois veículos em cada linha; catraca na parte de trás dos automóveis; proibição de o motorista cobrar passagem e a que estabeleceu o fim do monopólio das empresas de ônibus são de minha autoria na condição de vereador.

RD – E como deputado?

HC – Como deputado acabei com a pensão vitalícia a ex-governadores e viúvas; instituí eleição direta para procurador-geral de Justiça do Ministério Público (MP/RO); propus o fim da farra para nomeação de conselheiros do Tribunal de Contas (TCE/RO), com a lei que instituiu o mínimo de dez anos de serviço no Estado como critério. Além de tantas outras, como o ‘Passe Livre’ intermunicipal para idosos, portadores de necessidades especiais e seus acompanhantes, além de anistiar a policiais e bombeiros militares que participaram de movimentos reivindicatórios iniciados em 2011. Também fui o único presidente da ALE/RO a contribuir com construções no Estado todo. 



O homem da jogatina

RD – Nos bastidores, deputado, costumam denominá-lo como viciado em jogatina, principalmente quando o assunto é carteado. O senhor assume o vício?

HC – Eu não sou viciado em jogo, nunca fui. Jogo sim, brincando e, quando aposto, aposto o meu dinheiro – jamais o dos outros. Meu grande vício mesmo é combater outro muito pior: ladroagem e rapinagem aos cofres públicos. Meus adversários costumam tentar me ofender com coisas que fogem à minha biografia pública porque dentro dela não há nada a ser contestado. Corrupto, não sou. Ladrão, também não. O que sobra? Ignorante, viciado e doido. É só o que sabem falar.

O tripé de ofensas

RD – E essas adjetivações costumam magoá-lo, influenciando em seu cotidiano político?

HC – Nunca! Até porque minha educação e formação política ocorreram no batente, fazendo frente às grandes injustiças, tanto na era sindical quanto agora, na condição de deputado.  É sempre esse tripé de ofensas que usam contra mim, como já disse: ignorante, viciado e doido. Mas eu prefiro ser chamado de tudo isso a ter estudos e inúmeros diplomas só para tirar dinheiro do medicamento de gente miserável, que, ao mesmo tempo, mal tem o que comer. Não tem faculdade para formar caráter. 

RD – O senhor pode bater no peito e dizer: “Eu sou honesto!”? 

HC – Politicamente, sim. Se um dia eu fosse preso justamente, por coisa errada, iria consciente de que fiz merda e não diria nada. Ficaria bem quietinho. Mas não participo de esquema, de sacanagem. Não corro o risco de passar essa vergonha por acusações verídicas, pode ter certeza.



Prisão do filho e ‘Apocalipse’ 

RD – O que o senhor sentiu quando foi informado da prisão de seu filho Roberto Rivelino Guedes durante a incursão da ‘Operação Apocalipse’ em 2013?

HC – Foi o pior momento da minha vida e, sem sombra de dúvidas, a maior mágoa da minha carreira. [Com os olhos marejados, pausa a fala momentaneamente] Eu sequer estava em Porto Velho quando me avisaram que a Polícia Civil estava fazendo uma devassa em minha residência. Percorria a estrada para São Paulo a fim de fazer um tratamento de saúde. Tive de retornar o quanto antes e, assim que pisei na Capital, ‘soltei os cachorros’ em cima do [então secretário de Segurança] Marcelo Bessa, que há pouco havia prometido minha 'cabeça numa bandeja' ao governador Confúcio Moura.

RD – Mas o senhor também foi afastado da Presidência por conta da mesma operação...

HC – Pois é. Em primeiro lugar, é preciso dizer que a prisão do meu filho nesse caso foi um absurdo. Não sei se posso chamar de erro, de negligência, de incompetência, banditismo ou tudo junto! O que sei é que havia uma ânsia por parte do secretário de Segurança em me prejudicar e ele encontrou, numa escuta telefônica, o momento perfeito para avançar em cima de mim onde mais dói: família. Usaram o fato do apelido do meu filho ser ‘Guga’ para prendê-lo sem sequer averiguar se todo o contexto do áudio capturado pelo menos se enquadrava com o perfil descrito na gravação. Esse outro ‘Guga’, o da escuta, é que trabalhou na Câmara e dialogou com o [Alberto Siqueira, o Beto] Baba.

RD – Mas e o afastamento?

HC – Fui afastado por quinze dias e depois o prazo foi prorrogado por outros quinze. Logo após a prisão do meu filho, o Bessa apresentou à Justiça uma espécie de dossiê contra mim, como se eu fosse um monstro. Ele disse que eu estaria envolvido com tráfico de drogas, de influência, acobertando servidores ‘fantasmas’ e por aí vai. Por isso ocorreu o afastamento, era uma ‘chuva’ de acusações patrocinada por um órgão do Estado voltado à Segurança Pública. A partir do meu envolvimento na ‘Apocalipse’, a operação, que poderia ter rendido sim inúmeras condenações de gente errada, tornou-se uma ferramenta política do Executivo para varrer inimigos para debaixo do tapete.

RD – E o que o senhor tinha a ver com esses ‘fantasmas’?

HC – Absolutamente nada. Ocorre que outros deputados foram afastados também: o Jean de Oliveira, o Adriano Boiadeiro, Cláudio Carvalho e a Ana da Oito. Parece que a acusação da Polícia Civil indicava que Cláudio Carvalho, Ana da Oito e Adriano Boiadeiro abrigaram servidores ‘fantasmas’ como forma de recompensar o tal financiamento de campanha feito pelo Beto Baba e o Fernando da Gata. Eu fui jogado no meio do ‘rolo’ porque era presidente da Assembleia, portanto responsável pelas nomeações no Diário Oficial. Mas cada deputado tem a prerrogativa de nomear quem quiser e, consequentemente, deve se ater às condições morais e legais estabelecidas em lei para fazê-lo. Eu nunca nomeei ‘fantasma’ e nem nomearia.

RD – Seu filho pretende processar o Estado?

HC – Com certeza! Foi um constrangimento muito grande. Além de tudo, uma retaliação política. O primeiro mandato do governador Confúcio foi escândalo atrás de escândalo e eu, no fim das contas, levantei e demonstrei à sociedade esses esquemas.

RD – E a ligação para o então procurador-geral de Justiça Héverton Aguiar, que foi parar no processo da ‘Apocalipse’, ocorreu mesmo?

HC – Ocorreu, claro. Eu estava no ‘olho do furação’, sem saber absolutamente nada e resolvi me inteirar. Se houvesse alguma chance de eu ter participação nessas coisas, eu ligaria justamente para o procurador-geral de Justiça? Eu teria o descaramento de fazer isso? A coisa foi tão bizarra que o próprio Héverton convocou coletiva de imprensa explicando a situação. O MP/RO, que não tinha nada a ver com a história, passou até mesmo a criticar a operação e a instituição se posicionou, naquela oportunidade, no sentido de que aquelas incursões patrocinadas pelo secretário de Segurança Pública teriam o condão de dizimar adversários políticos. Era um quartel general de escutas telefônicas do Bessa. Expuseram o procurador-geral como alguém que poderia me beneficiar por causa da ligação, que era somente para me inteirar dos fatos, nada de mais, e a partir dali, além da briga com os agentes políticos caçados pela tal operação, compraram briga também com representantes do Ministério Público. Foi exatamente aí que a intenção do governador Confúcio começou a falhar e todo o resto da operação, como disse antes, também foi por água abaixo. Tem bandido que era para estar preso, inclusive ocupando cargo eletivo atualmente, feliz da vida. Tudo isso porque misturaram as coisas, atitude de gente canalha!

O PT, Roberto Sobrinho e o ex-presidente Lula 

RD – Deputado, qual a visão que o senhor tem do PT, do ex-prefeito Roberto Sobrinho e do ex-presidente Lula?

HC – O PT mudou muito desde a sua criação. Era um partido exclusivamente voltado à luta de massas. A militância era engajada e havia muita gente de bem atuando pela sigla. Mas as coisas começaram a ficar deturpadas e, diante disso, me senti obrigado a sair. Comecei a ter problemas com o ex-prefeito Roberto Sobrinho, o qual considero um gênio politicamente falando. Mas não adianta nada a genialidade se, junto com ela, não houver caráter, moralidade e decência na vida pública. Sobrinho foi preso, teve uma gestão péssima, principalmente levando em conta o tanto de recursos que recebeu para obras e aprimoramento, e aí me dei conta de que não queria fazer parte disso. Não queria ter meu nome ligado a um partido que, do engajamento por direitos de pessoas menos favorecidas, tornou-se um caminho aberto para políticos e grandes empresários ficarem ainda mais ricos. Embora eu tenha este quadro [aponta para um quadro com o ex-presidente Lula firmado na parede de seu gabinete], minha admiração por este homem também não existe mais. Só posso dizer que, dentre todos que continuam aí lutando para ser presidente da República, ele é o melhor entre os piores. Mas isso não é nem a sombra do que ele foi e representou no passado. Lamentável!



Perseguição por Marcelo Bessa e a lei do TCE

RD – O senhor relatou ter sido perseguido pelo ex-secretário Marcelo Bessa, que, segundo suas palavras, queria sua 'cabeça numa bandeja'. Como essa história acabou?

HC – Acabou assim: o grupo governista queria presentear o Bessa, que foi um péssimo secretário, assim como a grande maioria do secretariado do Confúcio, com um cargo vitalício no TCE/RO. Era uma maneira de tirá-lo do cargo após tantas burradas e, ao mesmo tempo, condecorá-lo pelos serviços prestados ao governo e seus membros. O que eu fiz? Cortei as asinhas de todos eles. Apresentei um projeto de lei estipulando que, para ser conselheiro do TCE/RO, o cidadão deve ter no mínimo uma década de serviços prestados ao Estado. Não era o caso do Bessa, que chegou a ser policial militar aqui, ficha mais do que suja. Foi embora, tornou-se delegado da Polícia Federal e retornou caindo de paraquedas já como secretário do Confúcio. Quando percebeu que não seria conselheiro, caiu fora daqui de novo, demonstrando que de fato não tem interesse algum por Rondônia, mas sim pelo que o Estado pode ofertar. Espero que não volte nunca mais! 

Relação com o governador Confúcio Moura

RD – Recentemente o senhor foi processado criminalmente pelo governador Confúcio Moura. Mas essa relação de ódio público, pelo menos de sua parte, vem de muito antes. O que o senhor pensa a respeito do peemedebista e por que chegou a esse nível ofensivo?

HC – Quem vê Confúcio Moura falando ou através de seus textos postados no blog dele acredita estar diante de uma criatura querida, dócil e cheia de amor para dar. No começo, tinha uma relação tranquila com ele, inclusive demonstrando aqui e acolá que, parte de seu secretariado à época, estava envolvida em maracutaias e que nomes como o do ex-adjunto de Saúde, o José Batista, lhe trariam problemas. O governador fez ouvido de mercador e jamais me deu atenção. Deu no que deu. No mais, quando falo mal do Confúcio, falo do pior governo da história do Estado de Rondônia. Embora pareça pessoal, e talvez até seja porque não consigo ver algo assim e não me manifestar, não me indignar, a intenção é sempre expor as picaretagens. Tento impedir que coisas piores ocorram da mesma forma ou de maneira até mais agressiva do que no passado recente. Ele me processou porque o critiquei em relação ao estado de penúria da Segurança Pública. Eu não aguento ver um governador falando tanta bobagem, fingindo não ser responsável e jogando o problema no colo dos delegados e dos próprios policiais. É como se dissesse: “Se virem, isso não é problema meu!”. É inadmissível. Confúcio é moralista, mas jamais abriu a boca para falar da prisão do seu afilhado em sua própria residência. Aliás, até falou sobre isso, mas só pra dizer que cada um é responsável por si, mais ou menos como o Cassol costumava falar, ‘cada um que responda pelo seu CPF’. Se fosse tão fácil assim eu nomearia minha família inteira aqui na Assembleia, ou qualquer outro órgão público em nepotismo cruzado, mandaria todos roubarem e, quando e se fosse pegos, diria que não tenho nada a ver com isso. Me poupe, é muita cara de pau para um ser humano só!

RD – O que mais o senhor sabe a respeito da gestão Confúcio que possa corroborar com suas alegações de corrupção e outros desmandos?

HC – Na época da sacanagem que fizeram comigo durante a ‘Operação Apocalipse’ apanhei todos os documentos que chegaram até mim e encaminhei ao MP/RO. Foram várias denúncias de esquemas, comprovados, deflagrados na administração Confúcio Moura. Cada uma dessas situações merece horas de explicações. Envolvem as irmãs do Confúcio, o cunhado Francisco de Assis, sempre ele, e muitos outros. Há mutretas no Departamento de Estradas e Rodagens (DER/RO), em licitações e por aí vai. 

RD – O senhor acha que verá Confúcio Moura preso?

HC – Eu espero que sim, por uma questão de justiça. Ele já foi levado sob vara [condução coercitiva] à época da  ‘Operação Plateias’. E aquilo era muito pouco perto do todo: a acusação era basicamente de que empresários eram obrigados a pagar propina para as companhas eleitorais dele. Pediram a prisão do governador, mas uma ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que seria exagero, deixando que o levassem apenas para prestar explicações obrigatoriamente. 

Gestão Hildon e Câmara de Vereadores 

RD – E a gestão Dr. Hildon Chaves (PSDB), em Porto Velho, como o senhor vê?

HC – Muito pior do que imaginava! Esse promotor nunca me enganou, sinceramente. Eu tinha certeza que logo de cara os servidores pagariam a conta. Só não sabia que seria tão rápido e tão pior. Mal assumiu e já cometeu três erros imperdoáveis: a situação da doação de área pública ao ‘Irmãos Gonçalves’; a sacanagem da extinção dos quinquênios dos servidores e a expulsão dos vendedores ambulantes. E sempre voltando atrás por conta de pressão, demonstrando não ter pulso para administrar nem bem e nem mal. É outro que surgiu do nada. Foram 21 anos de carreira no MP/RO e ninguém nunca ouviu falar dele. Disse que detecta um criminoso em dois minutos de conversa, mas não consegue enxergar um comprador de votos no cangote dele 24 horas? Faça-me o favor. Isso sem contar o fato de andar com vereadores de conduta questionável, como o próprio Jair Montes (PTC), que muda de casaca de acordo com a conveniência. As pessoas vão viver para sentir mais essa decepção.

RD – E a nova Câmara de Porto Velho e seus integrantes, como vê?

HC – O começo está fraco. Caíram na ‘pegadinha’ do prefeito logo de cara. Alguns não sabiam o que estavam votando, mas isso não é desculpa. Tem muito vereador bom lá, gente de bem, mas tem de ficar mais esperta para essas coisas e começar a olhar mais para o povo.



Arrependimento por ofensas a Maurício Carvalho

RD – Sua última briga pública foi com o presidente da Câmara Maurício Carvalho (PSDB). Por que isso ocorreu?

HC – Olha... Eu preciso reconhecer que falo demais às vezes e sem necessidade. Eu não tinha nada que me meter nesse negócio com o Maurício, porque tem muitas outras coisas importantes para resolver e, honestamente, exagerei. Também posso me equivocar de vez em quando, afinal sou um  ser humano, mas esse equívocos ocorrem porque sempre as coisas erradas vivem me indignando, me tirando do sério. Eu errei ali. Ele não parece ser um sujeito ruim, inclusive não tenho nada contra a família. Trabalhei junto com a Mariana [Carvalho] quando ocupávamos cargo de vereadores em Porto Velho e posso te dizer categoricamente que, naquela época, era a mulher que mais admirava na política. 

Mariana Carvalho, a decepção 

RD – Admirava, no passado?

HC – Sim, porque depois que ela chegou perto de ocupar a Prefeitura de Porto Velho e sagrou-se deputada federal, se tornou uma decepção. Ela defendia trabalhadores com unhas e dentes, era uma política que, embora pertencesse ao PSDB, tinha autonomia e brigava pelo justo, por coisas corretas. Hoje, na Câmara Federal, diz amém a quase tudo nesse governo golpista, vota contra os trabalhadores e parece ter se tornado uma estrela, deixando de lado aquela imagem que tinha dela no passado. Uma pena, porque bandida ela não é e fibra tem de sobra.

RD – Na briga com Maurício, disse que os Carvalho grilaram terras de Porto Velho para erguer suas faculdades particulares. O senhor se arrepende dessa declaração também?

HC – Eu não volto atrás por um motivo simples: há uma ação popular na Justiça dando conta de que houve a grilagem de terras. Os cidadãos estão dizendo e requerendo essas propriedades de volta. 

Vida pós-mandato 

RD – Depois desse tempo todo como político, tanto no sindicato quanto em cargos eletivos, como o senhor se vê depois da vida pública?

HC – Não faço a mínima ideia. Eu vivo disso. Mesmo que não exerça um mandato, estarei em algum lugar brigando pela população e pelos trabalhadores. É algo que tomei como uma espécie de missão. Meu futuro é incerto, só a Deus pertence, mas como disse, manterei a postura em defesa dos menos favorecidos sempre. Sou um sujeito simples, motorista, não sou servidor público, mas topo qualquer coisa que venha pela frente, com muita dignidade como sempre fiz. 

RD – Muito obrigado pela entrevista, deputado. 

HC – Eu é que agradeço a oportunidade de dar minha versão dos fatos, esclarecer questões que, muitas vezes, são publicadas com um só lado. Estou à disposição tanto da imprensa quanto da população sempre que for necessário. Um grande abraço.



2ª)
13/03/2017

RD Entrevista – Jair Montes, de preso e acusado de chefiar quadrilha a vereador reeleito


3ª)
20/03/2017
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4ª)
27/03/2017
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5ª)
03/04/2017
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6ª)
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7ª)
17/04/2017
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9ª)
01/05/2017
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10ª)
08/05/2017
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11ª)
15/05/2017
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12ª)
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13ª)
29/05/2017
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14ª)
05/06/2017
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15ª)
12/06/2017
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Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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