Maluf parou de malufar?



Porto Velho, RO –
 O senhor Paulo Salim Maluf (PP), que completará 86 anos muito bem vividos em setembro de 2017, é o retrato escarrado do escárnio que se tornou a política brasileira. 

Salim já foi prefeito de São Paulo e governador do Estado homônimo; atualmente, ocupa uma das inúmeras cadeiras na Câmara Federal em Brasília credenciado, obviamente, pelo voto dos paulistas.

A grandiosa lista de cargos públicos ocupados – eletivos ou não – só se equipara em termos de monstruosidade ao número de acusações às quais já respondeu, responde e lhe renderam condenações das mais variadas. 

Descrever Paulo Maluf é perda tempo. Embora o bordão ‘rouba, mas faz’ seja erroneamente atribuído à sua figura, poucos brasileiros, quando o escutam, não o ligam imediatamente à imagem do político paulistano. 

Quem tem curiosidade histórica acerca da época e do personagem que deu origem ao chavão, poderá saciar sua sede de informação no artigo Rouba, mas faz obra social’, de autoria de Eugênio Bucci. 

Mas Maluf é exatamente isso: uma colcha de retalhos tão esdrúxula que, fosse um personagem, logicamente teria saído da cabeça do mestre Chico Anysio, ainda que espectadores contemporâneos possam enxergá-lo mais claramente nas características concedidas pelo ator Saulo Laranjeira ao eterno deputado charlatão João Plenário. Este, por mais de duas décadas, fez muita gente se mijar de rir ao demonstrar, resumidamente, como é e de que jeito se porta a grande maioria da classe política no Brasil. 

Porém o Paulo real, o congressista progressista – pelo menos é o que diz a sigla de seu partido – está aqui entre nós tirando sarro, diariamente, de nossas fuças. 

Comemorou, recentemente, o fato de não estar envolvido nas hecatombes desdobradas pela Lava Jato; não figurar na nova lista de Janot e não ter ligação com o Mensalão. Prestigiado internacionalmente apenas pela página de procurados da Interpol – ainda que não tenha mais a fotografia exposta por lá – sua sina é mesmo tripudiar e fazer gozação em cima de seus desmandos. 



Sair incólume dos últimos episódios dantescos capitaneados por nossos eleitos, seus comandados e adjacentes, é mesmo um feito hercúleo para o homem que, durante quase um século de existência, tornou-se sinônimo de ladroagem, picaretagem e desonestidade. 

Obteve êxito também ao conquistar a proeza de ver seu sobrenome tornar-se verbete – malufar – cujo significado não precisa ser explanado aqui. 

Não, não... Com com certeza não se aposentou das incumbências espúrias, apenas não tem mais a disposição de cumprir a carga horária exigida pelas frentes de trabalho não republicanas. O lado lúgubre do deputado, um pouco mais calmo ao aproximar-se do crepúsculo da vida, apresenta problemas de deambulação naturalíssimos em qualquer existência cronologicamente estendida. 

Experimente só deixar o peixe dourado de aquário sozinho numa sala com um gato velho qualquer. Há hábitos que nunca mudam. Malufar é um deles...  

Autor / Fonte: Vinicius Canova

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