Estreia – A importância de ter visão periférica

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Porto Velho, RO – Sou um teimoso inveterado, sem cura. Já me convenceram – e eu também me convenci – de que mais um articulista neste mundo beligerante e disputadíssimo entre retóricas inflamadas seria chover no molhado. Mas, como disse, a teimosia toma as rédeas de minha existência e impulsiona meus dedos a estraçalhar o velho teclado de ofício, do qual disponho há quase uma década.

Neste contexto volto, mas faço questão de atuar como uma espécie de Desmond Doss, o soldado desarmado, pacífico e pacifista que, por incrível que pareça, participou e sobreviveu à Segunda Guerra Mundial. Desviando de rajadas compulsivas de metralhadoras e bombas lançadas para tudo quanto é canto, vou me desvencilhando tentando socorrer o que restou da raça humana.

Pretensioso, não?  

São tempos difíceis para a democracia e a liberdade de expressão. As pessoas ainda acreditam que a maioria deva sempre prevalecer, não importa o panorama social e muito menos as ideias errôneas enraizadas desde os primórdios na cabeça desse coletivo mais numeroso que os demais.

E quem percebe o mundo dessa maneira geralmente esquece que, lá atrás, um senhor chamado Adolf Hitler, apoiado de forma velada pela imensa maioria que governava, levou nações a praticar as mais atrozes e inomináveis atitudes contra seus semelhantes. Naturalmente, a perversidade tornou-se algo habitual.

Contemporaneamente, ideologias longe da ambidesteridade começaram a castrar o raciocínio lógico. Canhotos e destros iniciaram uma guerra virtual sem previsão para terminar. As mesas de diálogos, tão importantes no passado, foram extintas.

Aliás, ainda existem, mas só para reunir os amigos de uma mesma vertente, um afagando o ego do outro quanto às singularidades de seus pensamentos salvo, claro, raríssimas exceções. Com tanta gente pensando igual e separada por uma imensa muralha reforçada à liga de titânio de tudo aquilo que destoe de seus preceitos o sonho de povoar uma sociedade plural, respeitadora e consciente de direitos e deveres se distancia cada vez mais.

Os novos tempos. A era da informação. Aquilo que deveria ser bom revelou-se péssimo. Os caminhos do conhecimento completamente abreviados por atalhos na internet impõem a este cenário hostil as condolências do passado a quem tanto aguardava entusiasmadamente o futuro.

O egocentrismo deu vazão à consciência pétrea, imutável.

E é por acreditar nesse painel de mudanças que resolvi regressar com esta coluna, batizada de outra forma. Outrora, este espaço virtual denominado ‘Pingo nos Is’ –  não, não copiei do Reinaldo Azevedo, pergunte ao conselheiro Wilber Coimbra – fora utilizado para expressar a visão unilateral de um espécime cognitivamente defasado. A ‘Visão Periférica’, nome que escolhi com muito carinho para levar minha assinatura, tem objetivo oposto: integrar através da multiplicidade de percepções.

Seja bem-vindo (a)!

A coluna Visão Periférica é publicada às sextas

Autor / Fonte: Vinicius Canova

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